sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Dormir no nada, a viver (A perda do pudor)

Tuesday, April 24, 2007
Achava a minha primeira pessoa que viveria anos cheio de tempo para vivenciar a natureza, admirar os animais, ver o sol brilhando na minha cama, olhando o dia passar como se fosse eterno, e me sentir em nuvens até passar-se um século sem mudanças de clima existencial, e a música ecoaria no meu ouvido até a morte se apossar de mim, sendo eu um velho feliz e sem dor e esperanças de de encontrar alguém a não ser eu mesmo.Mas foi preciso sair de casa, aprender a saber dizer que existe amor nesta primeira pessoa, que borbulha raiva e late quando sua mão é machucada por outrem, e fazer a vida ter sentido, apesar de não se ter nenhuma importância procurar um motivo para estar lutando contra dificuldades que ela mesma cria, e o corpo se desgasta por motivos fúteis quando o objetivo real era estar correndo em um gramado, deitando e rolando, e a obrigação que se impõe é de se virar um cachorro, domado pelas crenças de um qualquer ser superior. A única solução para um futuro menos sofrido é sair, ou fugir, de casa.Os primeiros dias são alegres, e a luta para parecer um cachorro parece mais difícil de se segurar, mas os escudos da consciência são fortes para uma eventual perda da razão, por isso a rotulação de louco ou esquizofrênico. Seu corpo (novamente) dói, e um sono infindável, fruto de uma auto destruição proposital a que a mente e o corpo foram sujeitos, faz o mundo parecer distante, e a invasão de estupros, mortes, roubos, choro, infelicidade, recaída e sangue torna a visão retorcida e incriminada, e nada é anormal, consequentemente, e pode-se pular de uma janela de um arranha-céu sabendo-se que o vôo panorâmico entre as outras construções torna-se harmonioso, mas ninguém sabe se haverá asas para sustentar um crânio rachado e ossos espalhados entre pedaços mortais, ou seja, pernas, braços e um lago rubro.Gostaria de poder ganhar cem mil por completar cem anos de idade e ajudar no combate à seca, na fome que assola o nosso irmão, a abrir os olhos dos ambiciosos, a matar os políticos, a quem tanto adoramos, e poder declarar uma democracia própria para cada indivíduo, onde o mais sábio e o mais humilde dessem cabo da sua família ou a quem permitir aconselhar-se pelo poder da verdade pudesse formar uma nação independente de um pai estranho, falso e distante. Eu quero água fresca, ar puro, pensamento limpo e uma mente aberta, para Todos.

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